Aventuras Maternas

Pais que querem se tornar heróis para seus filhos

Pai-Heroi

Imagem: Pinterest

Desde que nascemos, ouvimos as pessoas dizerem que “mãe é mãe”, não é mesmo? Mas o que quase todo mundo sabe é que, além delas, existe uma figura que acompanha a gente e vira uma espécie de herói. Se de um lado estão as mães, verdadeiras deusas na cabeça dos filhos, do outro estão os pais, aquele que muitos temem, mas que basta um abrir de braços com um sorriso no rosto para as crianças saírem correndo ao seu encontro.

Na última semana publicamos (aqui) um texto sobre mães sozinhas que criam seus filhos sem a presença do pai e falamos sobre a importância da presença paterna (aquele homem, que independente do lugar biológico na vida da criança desempenha a função de protetor, conselheiro e que vai ajudar na formação do caráter dos pequenos).

Hoje resolvemos abordar qual seria o verdadeiro papel dos pais na formação das crianças? Ate que ponto essas figuras masculinas são tão importantes no caminhar dos pequenos?

Embora a maioria das pesquisas realizadas sobre desenvolvimento infantil não relacione a figura paterna ao desenvolvimento do indivíduo, estes têm papel fundamental na evolução da criança.

Para o pesquisador e psicólogo Ronald P. Rohner, da Universidade de Connecticut, as consequências da rejeição de crianças e adolescentes pelos pais têm importantes influências na personalidade de quem serão ao crescer. Ele conta que jovens que se sentem bem em casa são adultos mais independentes e emocionalmente estáveis, têm maior autoestima e enxergam o mundo de forma positiva. Já na situação inversa, ao se sentirem rejeitados, os sentimentos seriam avessos, com a visão negativa sobre vários aspectos.

Ricardo Correa, gerente de TI é pai de um menino de três anos, explica que seu pai teve enorme importância na formação de quem ele é hoje e no tipo de pai que se tornou. “Meu pai sempre foi honesto, fiel e carinhoso com  a família.  Ele tinha uma personalidade forte, mas era um doce ao mesmo tempo.  Isso me marcou muito”, explica.

Outra característica bastante presente nesse relacionamento entre pais e filhos, e talvez até por isso se explique o fato dessas crianças serem adultos mais seguros, é o fato dos mesmos serem mais objetivos no que tange aos erros dos filhos. Enquanto algumas mães “passam a mão na cabeça”, os pais são mais assertivos.

De fato, normalmente, são eles que dão o famoso puxão de orelha quando os filhos saem da linha, mas nem sempre essa é a lógica dentro das famílias. Sergio Santos, pai de duas meninas (hoje já adultas e com 35 e 40 anos), conta que a mais velha sempre foi doce, mas extremamente bagunceira, especialmente no quesito estudo. “Sempre mostrei o quão importante era saber separar diversão de obrigação. Na minha casa, minha ex esposa era a mais severa em relação a isso. E eu, por ter um histórico escolar semelhante ao da minha filha, entendia melhor o que se passava com ela. Contudo, tentava mostrar que o que eu fazia não era exemplo, mas sim a mãe, que sempre foi aluna exemplar. Acho que deu certo. Hoje minhas filhas são profissionais dedicadas e responsáveis. Mas, sem dúvida, muito do que a mais velha aprontava vinha da “admiração” que ela tinha pelo pai bagunceiro”, explica.

E quando os pais são separados? O analista de sistemas Paulo Andre Dias, de 47 anos, é pai de dois meninos, um com 16 e outro com 10 anos, e tem uma relação de extrema amizade e confiança com seus filhos. Mesmo separado da mãe dos meninos, que moravam em Teresopolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, e vendo os dois a cada duas semanas (Paulo Andre morava em Belo Horizonte), ele nunca deixou de se fazer presente. “Depois que me separei da mãe deles, passei a vê-los apenas a cada quinze dias. Foi um período difícil. Mantive um apartamento no Rio só para ficar com eles. Era um sacrifício para todos. Mas nunca reclamaram. Até por conta dessa dificuldade, o período que passávamos juntos era só nosso”, explica. Neste caso, além de aproveitarem ao máximo o tempo que estão juntos, ainda existe a questão de terem o mesmo sexo, o que acaba criando uma aproximação cheia de particularidades. “Acho que eles conversam comigo com mais facilidade sobre suas dúvidas e inseguranças. Algumas mães evitam explorar essas dúvidas e inseguranças, preferindo contorná-las ou subestimá-las”.

Mas como os pais podem ajudar seus filhos a serem adultos mais autoconfiantes, responsáveis e emocionalmente estáveis? Para Ricardo, a figura paterna tem o mesmo peso no desenvolvimento dos filhos: “Pai ou mãe tem igual importância. Devem ser provedores, conselheiros e parceiros dos seus filhos por toda vida”, conclui.

Paulo Andre vai além: “Mostrando que eu tive – e tenho – fraquezas, dúvidas, medos e defeitos como qualquer um. O arquétipo paterno é aquele normalmente associado às certezas, às convicções, à objetividade. Essa imagem paterna vai impregnar nosso superego e se transformar naquele nosso crítico, inconsciente e intransigente, que vai nos perseguir pelo resto da vida. Mostrar aos filhos que o pai não é deus é a melhor forma de criar adultos autoconfiantes”, finaliza.

                     

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Priscila Correia

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