Aventuras Maternas

Os desafios da maternidade e do home office

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Assim que soube que estava grávida ao mesmo tempo que minha sócia, Priscila, confesso que fiquei (ou melhor, ficamos) desesperada. Ficamos pensando como seria com o nosso trabalho. Éramos (e somos) extremamente workaholics. Nossa empresa era pequena, exclusiva, como nos propusemos a ser. Tínhamos três funcionárias, mas mesmo assim foi difícil “largar o osso”. Não tínhamos horário fixo e nossos clientes nos demandavam quase que 24 horas por dia.

No início da gestação decidimos que iríamos viver o melhor dos dois mundos. Aproveitar a nossa gravidez em todas as suas etapas. Cuidamos da alimentação, fizemos yoga (ou pelo menos tentamos, pois atendíamos um SPA e centro de yoga), fizemos o pré-natal direitinho, enfim, tudo que tínhamos direito.

Continuamos a trabalhar, claro! Aliás, trabalhamos mais do que nunca nesse período. Parece que tínhamos energia de sobra. No entanto, decidimos produzir no esquema de Home Office para ter mais qualidade de vida, inclusive, depois do parto.

Aproveitei que minha casa era grande e montei um escritório lá. As meninas foram trabalhar comigo e, duas vezes na semana, eu ia para a casa da Priscila, que era no mesmo bairro que o meu. Funcionou muito bem! Continuamos a fazer de tudo, reuniões, eventos – naquela época eu ainda escrevia e editava uma revista, por isso participava de muitos eventos.

Home Office em números

É muito comum, hoje em dia, as mulheres optarem pelo Home Office para poder ter uma qualidade de vida melhor, flexibilidade, autonomia para dar mais atenção para os filhos, além de reduzir custos e tempo gasto com longos deslocamentos, engarrafamentos e outros problemas da vida moderna etc. 76% das mães entrevistadas para o livro Home Office e Filhos abriram seu negócio próprio em casa. Segundo o Sebrae, dos 3,5 milhões de microempreendedores individuais (MEI), 48,6% trabalham na própria residência. Ainda segundo a instituição, 77% dos profissionais de artesanato também utilizam o lar como espaço criativo.

É uma tendência de mercado no Brasil. De acordo com a consultoria Top Employers Institute, 14% das empresas brasileiras têm programas formais de home office. Parece pouco, mas corresponde a mais do que o dobro dos 6% registrados no ano anterior.

As companhias reduzem seus custos de infraestrutura e também ganham com o aumento da produtividade. Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas estima em 26 bilhões de reais as perdas anuais da cidade de São Paulo por causa do tempo gasto no trânsito.

Além disso, funcionários que trabalham em casa rendem mais do que workaholics, segundo uma pesquisa da Universidade de Stanford, publicada no InfoMoney. Por estar em um ambiente mais familiar, a produtividade do trabalhador em casa aumenta. Este aumento representa, segundo a pesquisa, um dia a mais de escritório para o workaholic!

De volta à minha realidade

Quando o Arthur nasceu fiquei somente uma semana de licença. Fiz um esquema de colocar o berço dele perto de mim no escritório. No início ele dormia muito durante o dia, por isso eu conseguia dividir os meus horários. De manhã amamentava, organizava as coisas, tomava banho e lia os emails. Tirava um intervalo para dormir um pouco e trabalhava à tarde. Isso não era uma regra, até porque cada dia era um dia diferente e eu tinha que me adaptar de acordo com a situação.

Quando o Arthur fez sete meses tive que apelar para a creche. Como minha empresa era pequena, e a Pri também estava no mesmo esquema do que o meu, nós fazíamos muita falta nas reuniões. Precisávamos de mais tempo livre.

Depois de um ano decidimos que era hora de voltar para o escritório. Começamos devagar, com três vezes na semana, até porque nos outros dias tirávamos para atender clientes, eventos e reuniões.

Atualmente, dividimos nosso dia entre natação dos filhos, escola, médico, escritório, home office e o que mais vier. Quando chegamos em casa temos que brincar, organizar a casa e as coisas para o dia seguinte, e claro, dar uma atenção ao marido. Ufa! Não é fácil!

Mas cada dia é um dia e fazemos o nosso melhor. Às vezes ate dá culpa, claro que sim!! Mas acredito que temos que equilibrar nossas vidas. Não abandonar nem um lado e nem o outro. Afinal, da mesma forma que queremos dar liberdade de escolha para nossos filhos, não podemos fazer isso abandonando nossa essência. Eles têm que crescer sabendo quem somos e tudo o que fizemos e passamos para dar o melhor para eles. Só assim seremos felizes e eles terão orgulho da mãe que têm.

Veja alguma dicas (dentre muitas!) que podem te ajudar a trabalhar no home office e a não ser “absorvida” por ele:

1 – Separe um ambiente para seu escritório

Ter um quarto isolado para montar o escritório é a melhor opção, mas, se essa opção não estiver disponível, transforme um canto qualquer de casa em um espaço profissional, com uma mesa adequada, uma cadeira ergométrica bacana, uma excelente iluminação e, de preferência, longe de distrações visuais ou olfativas

2 – Estipule horários fixos 

Esse é o maior desafio de todos! Não vale começar a trabalhar a hora que acordar e terminar na hora que der sono. Assim, vai estafar, acabar com o casamento ou virar um workaholic dos piores. É necessário ter horário de começo e de término, além de um para almoço, de cafezinho e limite para hora extra. De todo modo, a dica que fica é: tenha um horário fixo, para só assim criar uma rotina séria. Só depois que estiver tudo funcionando, você poderá pensar em flexibilizar os horários.

3 – Vista-se adequadamente 

Para muitos isso significa uma besteira, mas o especialista orienta que não é. O fato de acordar e ficar de pijama trabalhando é estranho. É como ir para a balada de terno e gravata ou ir para a academia de calça jeans. Ao trabalhar no home office, vista-se como se fosse trabalhar no escritório, pois isso ajuda a pontuar a transição de “home” para “office” e aumenta a produtividade.

4 – Acordo com a família 

Quem tem filho pequeno em casa precisa de ajuda caso opte pelo home office. Afinal, não dá para trabalhar e cuidar das crianças ao mesmo tempo.

Com os filhos maiores é mais fácil definir certos limites, mas ainda é preciso explicar que a casa é “aquele” tempo é, no momento, o seu local de trabalho. É preciso definir boas regras de convivência, afinal, seu cliente não vai entender seus filhos brigando, seu cachorro latindo e a emprega berrando tentando controlar tudo isso.

5 – Invista em tecnologia 

É uma boa alternativa considerar a compra de um computador para as atividades do seu trabalho. O motivo? Além de funcionar como backup, ter um computador exclusivo para o seu momento de trabalho é mais seguro e evita misturar o computador de casa com coisas de trabalho. Além do computador, recomenda-se também a utilização de uma boa impressora, Internet de alta velocidade, headsets e um bom telefone.

O home Office não é uma solução para todas as pessoas, mas para quem pode usufruir dele, recomenda-se um ambiente adequado e certos “rituais” citados aqui, para que evitar se evite a procrastinação e uma maior dificuldade nas tarefas a se fazer.

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Priscila Correia

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