Aventuras Maternas

Depressão Pós Parto: um pesadelo no mundo dos sonhos

Eu, Vivi e DudaE quando toda a magia idealizada durante a gravidez não acontece após o parto? São tantos planos perfeitos: ter um filho lindo, levá-lo para casa para curtir o quarto preparado com todo o amor, amamentar no mínimo até os seis meses e dar todo o carinho e amor possíveis no mundo para aquele bebê que é só seu e foi tão planejado…

Mas toda essa magia tem uma inimiga com nome e sobrenome: Depressão Pós-Parto! E o problema maior é que pelo menos metade das mães que sofrem com ele não fazem a menor ideia do que está acontecendo segundo um levantamento feito ela USP e pela UFPE.

Por isso achamos super importante conferir o depoimento da artesã Wanessa Alves. Se você está passando por algo parecido não é a única e deve sim procurar um tratamento.


Sobre a depressão pós parto de Wanessa Alves

Aos 25 anos descobri estar grávida e foi a maior felicidade porque eu sempre me imaginei mãe de uma família grande e não queria começar tarde (bom, já estava até tarde, rss). Foi a minha primeira gestação de três e, graças a Deus, todas foram maravilhosas. Sem enjôos, sem crises, sem problemas, tudo perfeitinho, três lindas cesáreas.

Em 27 de maio de 1999, nasceu meu primeiro filho, Gilberto. Lindo, gordo, com 4.320kg e foi aquele alvoroço na maternidade porque todo mundo queria ver o neném “grandão”. Todos os holofotes para ele, claro! Dias depois, já em casa, veio meu aniversário de 26 anos (09 de junho) e todos os flashes eram pra ele (de novo!) e os presentes também. Eu não era mais a Wanessa, eu era a mãe do Gilberto!!! E neste mesmo dia, no meu aniversário, começaram as crises de depressão pós-parto. No meio da “minha” (dele) comemoração, me tranquei no banheiro e vomitei tudo que podia e mais ainda, quando vi o leite encharcando a minha roupa.

Cada amamentação era uma tortura porque o cheiro do leite me lembrava que eu era mãe, que um ser dependia de mim, que eu tinha um filho, que tudo tinha hora para ele e eu não tinha mais tempo para nada para mim. Unhas, cabelo, reuniões, profissão, papos com marido até tarde (ele tentava ajudar e muuuiito, mas, a criança quer a MÃE!) foram embora…

Quando aparecia uma amiga, eu “jogava” meu filho no colo dela e ia fazer unha ou dormir. Quando a babá chegava, ou as avós, a dinda, eu não chegava nem perto para ver o que estava acontecendo. Corria pro quarto para vomitar e testar qual roupa ainda dava em mim (nenhuma, claro!). Deprimia mais ainda…

Minha ex-sogra é enfermeira e como sempre fomos muito íntimas, percebeu que algo estava errado… eu estava acumulando leite materno na geladeira, retirando com a bomba! Pedia para que dessem a ele tudo que ele quisesse e eu: muito choro, muito vômito, muita insatisfação. Nossa!!! Não que não amasse meu filho, apenas eu estava “desconectada” do papel de mãe e que a vida tinha mudado. Resultado: não consegui amamentar, o leite secou com menos de 6 semanas, usava leite de farmácia (latas e latas!) e mesmo quando o leite secou, o cheiro ficava no meu nariz.

Fui indicada a ir um médico por uma amiga com muito cuidado (aliás, todas as amigas tentavam se comunicar com meu “eu” materno, mas acho que não estava preparada). Diagnóstico: depressão pós-parto. Aceitei que “estava doente” e tomei os medicamentos prescritos por quase 10 meses (controlados). E quando ele fez 1 ano, fizemos uma linda festa e eu agradeci a todos, nome por nome, dos que me cercaram de carinho e atenção e não acharam que era “crise de filha única”. É muito dolorido… é triste, é desconfortante, é solitário! Por isso, marido, família e amigos precisam ajudar.

Em 2001, veio a Virginia Maria, em 2002, a Maria Eduarda e fechamos a fábrica. Porém, não consegui amamentar nenhum deles, pois o cheiro do leite me trazia à memória dias difíceis. Foi o mesmo processo, leite na bomba até secar (secava rápido), leite de farmácia e não precisei dos controlados, pois tomei remédios homeopáticos durante toda a gravidez das duas meninas (médico em alerta, sempre!). Não deprimi, encarei que ia passar rápido aquele momento que tantas mães adoram e eu tinha verdadeira opressão!

Se me sinto menos mãe? Não! Se me sinto culpada ou egoísta? Não! Eu estive doente, tenho noção disso. Depressão é assunto sério… merece todo cuidado e atenção. De onde desencadeou? Não sei… só Deus sabe! Porque foram três bebês muitooooooooo queridos!

Hoje, Gilberto tem 15 anos, Virginia 13 anos e Maria Eduarda, 11 anos. São meus melhores amigos e Deus me deu os três para serem meus parceiros de vida. Só tenho a agradecer! Vivo por eles… Vida seguiu. Somos nós quatro hoje e muito unidos! Graças a Deus!

Wanessa Alves é publicitária, artesã e dona do Atelier Marias Criativas.
www.facebook.com/ateliermariascriativas
www.mariascriativas.com.br
Instagram: @mariascriativas

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Priscila Correia

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