Ao contrário do Quarto Montessoriano, o Quarto Waldorf me deixa com algumas dúvidas. Por um lado, é legal porque estimula a imaginação, contato com o natural e faz uma conscientização do consumo e seu impacto no ambiente. Mas sempre que o conceito envolve radicalização e restrição, me sinto um pouco incomodada. O consumo está aí, na TV, nas escolas, no dia a dia. Colocar uma barreira entre seu filho e o mundo pode ser também prejudicial. A criação cheia de restrições pode fazer com que seus filhos sintam-se deslocados ou até sofram no dia a dia. Mas isso é uma questão de escolha, certo? Por isso, vamos lá ver como funciona esse Quarto Waldorf.
Esse conceito de quarto segue a linha pedagógica antroposófica que tem a ideia de oferecer ao bebê um ambiente mais próximo do natural possível, assim a criança pode agir de forma positiva na sociedade, e conviver com os outros e a natureza em harmonia.
Ao contrário do Montessoriano, o objetivo do quarto Waldorf é que sejam utilizados o berço com grades (e rodinhas) e o cercado como locais de transição entre o ambiente conhecido onde ele dorme e o quarto. A medicina antroposófica entende o berço e o cercado como locais seguros e necessários uma vez que no chão a criança estaria exposta a sujeira, correntes de ar e perigos enquanto a mãe se dedica a outras tarefas domésticas. De acordo com essas orientações, o bebe aprenderá observando as atividades da mãe, se desenvolverá por imitação e, naturalmente, sentirá o berço e o cercado como limitações quando conquistar sua primeira forma de locomoção. É importante ainda, de acordo com essa orientação, que a mãe passe bastante tempo realizando suas próprias atividades dentro do quarto do bebê para que ele se afetue ao local e não se torne somente um dormitório *.
O quarto tem visual próximo à natureza, com móveis feitos de madeira de verdade e em tons naturais ou pasteis. Nada de tecidos sintéticos ou cores e figuras de aspecto artificial. Tudo isso visando evitar deturpar o “senso de realidade da criança”. A proposta é oferecer um ambiente onde o bebê tenha a sensação de acolhimento com os seguintes elementos:
- teto e paredes pintados em tom pastel;
- revestimento de madeira;
- tapete de sisal e sobre ele tapete de retalhos e uma pele de carneiro;
- guarda-roupa, mesinha de canto, cadeirinhas de criança, prateleiras para brinquedos e berço em madeira rústica;
- caixotes para serem arrastados, para servirem de assento ou para serem empilhados;
- quadros (somente um ou dois sendo um de anjo) da época Renascentista;
- cortina que permita penumbra sem fazer contraste gritante com as paredes, mas com tecidos leves que permitam a entrada de sol;
- nada de baús ou cestos grandes cheios de brinquedos ;
- nada de móveis e brinquedos de plástico, os brinquedos devem ser de madeira e tecidos naturais para estímulo da sensibilidade visual, tátil e cognitiva;
- o berço deve ser dotado de rodas e caber ao lado da cama da mãe para que ela não precise se levantar muitas vezes durante a noite;
- o cercado, indicado a partir dos seis meses, deve sempre estar localizado de modo a possibilitar que a criança possa observar o trabalho e o repouso da mãe, participando desta forma da vida dela;
Na fase escolar, as crianças usam tintas orgânicas, lancheiras e mochilas de couro. Aprendem técnicas manuais como tricô e crochê tanto para meninas quanto para meninos. E Cultivam hortas comunitárias, jardinagem e culinária.
Os brinquedos Waldorf são feitos de materiais naturais (como lã, algodão, madeira) e tem como função o estímulo à imaginação da criança. As bonecas, por exemplo, não são reproduções fieis de bebezinhos; muito pelo contrário, apenas sugerem as feições e as partes anatômicas do corpo, para dar espaço à criança para imaginar!
A principal vantagem do método é que a criança tenha noção do mundo natural em que vivem. E recebem também uma educação artística desde cedo. Segundo alguns especialistas, em alguns casos essa linha pode ser positiva, porque pode desenvolver habilidades como música e desenho. Mas também pode ser bastante opressiva e frustrante.