Eu achava que sabia, mas foi o meu sobrinho Lucca nascer, e os médicos detectarem isso, que eu descobri que não sabia nada de fato. Mas calma! Não precisa se apavorar! A icterícia não chega a ser considerada uma doença. Ela se dá quando a pele, gengivas e olhos ficam amarelados logo depois do nascimento e é detectada em mais de 50% dos bebês saudáveis e mais frequente em prematuros.
A icterícia aparece no bebê quando o sangue fica com excesso de uma substância chamada bilirrubina, que é produzida durante o processamento pelo organismo dos glóbulos vermelhos de que ele não vai precisar mais. Os recém-nascidos tendem a ter níveis de bilirrubina mais elevados porque possuem hemácias extras no corpo, e seu fígado ainda não consegue metabolizar o excesso de bilirrubina.
À medida que os níveis de bilirrubina aumentam, o amarelo vai descendo: começa na cabeça, vai para o pescoço, depois chega ao peito e, em casos graves, chega até os dedos do pé. Esse tipo de icterícia neonatal raramente é prejudicial a bebês saudáveis que tenham nascido depois de 37 semanas de gestação, até porque ela é detectada normalmente no segundo ou terceiro dia após o nascimento e, por isso, é tratada na própria maternidade. Já em prematuros, a icterícia aparece em 80% dos casos e o pico de bilirrubina acontece entre o quinto e o sétimo dia depois do parto.
Se o bebê já estiver em casa e apresentar um amarelo pronunciado, especialmente na barriga ou nas pernas da criança. Faça o seguinte teste: num ambiente bem iluminado, faça uma leve pressão no peito da criança. Se a pele ficar amarelada quando você parar de fazer pressão, fale com um médico ou leve o bebê à maternidade para um exame de sangue, que vai medir a concentração de bilirrubina e definir se o tratamento é necessário. Para crianças de pele mais escura, observe se os olhos ou as gengivas estão amarelos.
A determinação do tratamento dependerá do dia em que a bilirrubina foi medida, do peso com que o bebê nasceu e do nível detectado. Para recém-nascidos, com peso de mais de 2,5 kg, os médicos brasileiros costumam indicar o tratamento a partir de 12 ou 13 mg/dl de bilirrubina no segundo ou terceiro dia, mas o cálculo é feito caso a caso e envolve alguns outros fatores.
Normalmente, o problema é tratado com fototerapia, ou seja, o bebê é colocado sob luzes fluorescentes – uma espécie de bercinho de luz, sem roupa, com os olhos cobertos por uma máscara protetora – que ajudam a metabolizar a bilirrubina, para que ela seja excretada pelo fígado.
Com menos frequência, a icterícia é causada pela incompatibilidade sanguínea entre mãe e filho (como no caso de mãe Rh negativo e filho Rh positivo) ou por alguma outra doença associada, e a hiperbilirrubinemia chega a níveis perigosos — uma indicação disso é quando a icterícia surge já no primeiro dia. O tratamento é feito com fototerapia intensiva e prolongada e pode incluir até transfusão de sangue. Os médicos vão avaliar o bebê para descobrir o que causou a icterícia.
Em casos muito raros, recém-nascidos com icterícia podem sofrer danos neurológicos, mas isso só acontece quando os níveis de bilirrubina ficam extremamente elevados.