De repente uma bolha pequena parece estourar dentro da sua barriga, depois surgem suaves cotoveladas, chutes mais fortes, soluços, muitos soluços, uma pressão para baixo, muita alegria e excitação no coração e ele nasce: o maior amor da sua vida! Ele vem para perto de você ainda com jeitinho de anjo que acabou de perder as asinhas, mas com toda a inocência de quem veio aprender tudo com você.
Ele aprende a respirar enquanto você ainda chora de alegria e em seguida ele te acompanha no choro. Depois, ele passa a compartilhar o seu olhar e demonstra a cada segundo que faz mesmo parte de você mesmo sem o cordão que os ligava até bem pouco tempo atrás. E, em seguida, ele cria um novo vínculo, através da amamentação. E vocês criam um novo mundo só seu. Um espaço único onde só existe amor, dores, alegrias, intensidade, afeto e muita conexão.
Aos poucos esta conexão se transforma, vocês passam a caminhar juntos de mãos dadas, passam a se conectar por palavras, por beijos e abraços, por ensinamentos, por pequenas brigas que aparecem com o objetivo de aparar as arestas e fazer todos os envolvidos crescerem. Nós, pais, descobrimos as dificuldades e as dores de quem quer produzir um mundo de sonhos, sem sofrimentos para eles e nossos filhos que precisam furar nossas bolhas de proteção para se tornarem seres humanos do bem e prontos para evoluírem sozinhos.
Nos tornamos aprendizes e mentores, reflexos de nossos atos e personalidades, sentimos as dores de cada ruptura dos novos cordões que criamos com o tempo, mas amamos cada progresso, cada novo passo que eles dão sozinhos. Passamos a viver um grande paradoxo. Começamos a contar a vida ao contrário, pelos olhos dos nossos filhos, começamos a temer as rugas e os anos que nos afastam deles, que nos tornam obsoletos e que nos tiram nossos bebês de tão perto do útero para um casulo distante de onde eles sairão com asas para voar para outros rumos, onde não seremos tão necessários.
Mas prefiro não pensar nisso hoje. Agora só quero agradecer e aproveitar os cordões que ainda tenho pela frente e seguem firmes. Hoje meu filho faz 4 anos e me mostra que o maior amor do mundo tem espaço rumo ao infinito e cresce a cada dia. Hoje sei a intensidade da dor que é ver quem amamos chorar e alegria intensa de ver aquele ser tão especial sorrindo e satisfeito por cada nova descoberta.
Hoje sei o quanto posso ser irritante, pois tenho um clone mirim que reflete cada movimento que já fiz no passado e copia muitas das minhas reações e atitudes, não por imitação, mas porque faz parte da natureza dele ser muito parecido comigo. Ter alguém tão semelhante, irrita e muito, mas me faz ter a certeza que em pouco tempo terei alguém que me entenderá mais profundamente do que todos que já conviveram comigo. Na verdade, ele já me entende, não apenas pelas palavras ou ações, mas pelo olhar, pelo afeto que vem exatamente do jeito e na hora que eu preciso.
E como é bom ver nele cada detalhe que me fez apaixonar pelo pai dele também: o sorriso, alguns movimentos, a forma de implicar comigo para me fazer rir e a percepção de saber exatamente o que eu preciso quando estou cansada demais, doente ou com vontade me aventurar.
Há 4 anos, mergulhei de cabeça na maior aventura da minha vida e ganhei o maior companheiro de aventuras que jamais poderia sonhar. Obrigada meu pequeno anjo que ilumina minhas noites e alegra minhas manhãs com as risadas mais puras que já fui capaz de escutar. Amo você, Theo!