Aventuras Maternas

Uma coceira bem indesejada

traitement des poux

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No mês passado, um caso de suposto preconceito dentro de uma escola chamou a atenção de todo o país. Uma mãe, chamada Débora, recebeu um bilhete da coordenadora do colégio pedindo que seus filhos, ambos com cabelos crespos, tivessem os fios cortados ou trançados. A história chamou a atenção de todos não apenas pelo pedido, já que nenhuma outra família recebeu o mesmo bilhete, mas pela “desculpa” que a diretora deu para tal acontecimento: o referido texto foi motivado por um possível surto de piolhos entre as crianças.

Para a maioria das pessoas, especialmente as mães, o assunto foi tratado, sim, de forma preconceituosa, já que o bilhete deveria ter sido enviado a todos, caso realmente fosse o caso de alertar sobre infestação de piolhos. Mirella Stival, 39 anos, mãe de Maria Eduarda e Manuela, de 12 e 3 anos, conta que no colégio de suas filhas são mandados bilhetes na agenda para poder fazer o tratamento em conjunto. Caso contrário, não há como combater o problema. Ela diz que as meninas já tiveram piolhos diversas vezes e que sempre relatou o problema pela agenda escolar. No caso dela, como as meninas têm cabelos longos, prefere prender os cabelos. Lembrada sobre o ocorrido com os filhos de Débora, ela responde que agiria com muita indignação: “Marcaria de cara uma reunião com a diretora da escola e faria com que ela se retratasse.”, afirma.

Nathalia Krauss, 31 anos, mãe de Alice, de 4 anos, também entendeu tal bilhete como um caso de extremo preconceito por parte da escola. A filha também já teve piolho e ela, assim como Mirella, relatou o problema ao colégio, que enviou uma circular que já estava exposta na escola para todos os pais, relatando o surto de piolho. Sobre o ocorrido com o bilhete para a mãe dos meninos, ela é enfática: “Eu tentaria entender, ficaria indignada, mas processaria a escola”.

O assunto piolho é recorrente nas escolas, já que, vira e mexe, alguma criança aparece com o problema e pode passar para os amiguinhos. Mas será que algumas crianças têm algum fator que seja mais atraente aos piolhos? Segundo a pediatra Cristina Makarenko, sócia diretora da HomePed, algumas crianças preferem  brincadeiras de maior contato, o que favorece a transmissão, que é feita por contato direto, pois o piolho não voa nem pula. Além disso, meninas costumam partilhar escovas, pentes , presilhas de cabelo, o que tambem favorece a transmissão. Quanto ao tamanho e cor do cabelo, ela lembra que os cabelos compridos  proporcionam um ambiente mais quente e escuro para o piolho, por isso meninas são mais infestadas, o que não significa que crianças com cabelos curtos não possam ter também. “A cor do cabelo não parece interferir.”, complementa a pediatra.

Para que se tente evitar que as crianças tenham o problema, os pais devem evitar que os filhos compartilhem objetos de uso pessoal, como pente, escova, presilhas de cabelo, tiaras, chapéus, bonés etc. “Além disso, precisam examinar regularmente as cabeças de seus filhos, à procura de lêndeas ou piolhos. Se encontrarem algo, a criança deve ser logo tratada e a escola avisada, para que outras não sejam infestadas. Não há shampoos ou outro produto para prevenção, estes só devem ser usados para tratamento. A infestação de piolho deve ser primeiro confirmada pelo pediatra ou dermatologista, para então iniciar o tratamento. Shampoos à base de permetrina podem ser usados, além de medicação oral. Consulte o pediatra para escolher a melhor forma de tratar.”, complementa a pediatra. Vale lembrar, também, que o remédio apenas mata o piolho, não as lêndeas.

Outra indicação é, além da terapia medicamentosa, a retirada manual, com o pente fino, já que é o mais eficaz para a eliminação de piolhos e lêndeas. O uso do mesmo deve ser feito a cada dois dias, por dez dias aproximadamente, ou enquanto forem observados piolhos. A roupa de cama e de banho também devem ser trocadas com maior frequência. “Métodos como abafamento do couro cabeludo com toalhas ou toucas também têm se mostrado eficazes.”, finaliza Cristina.

Para os pais, toda a atenção do mundo com o cabelo dos filhos e, ao sinal de algum piolho, devem imediatamente informar a escola. Já para as escolas, um alerta: ao menor problema, todos os pais devem ser informados. Afinal, se o objetivo é alertar a todos sobre um problema comum, não serão bilhetinhos individuais que farão esse trabalho.

            

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Priscila Correia

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