A forma que mais gosto de viajar pela Europa é de trem, antes porque era a melhor maneira de conhecer diferentes paisagens, reduzir custos (passagem com bom preço + pernoite no trem, sem hotel) e descansar um pouco mais durante a viagem, já que no avião não consigo dormir. Viajando com o filho descobri mais um ponto a favor: poder caminhar com as crianças pelos vagões naqueles momentos de agitação, curtir um chá com torradas no vagão gastronômico e ainda ter uma mesa para brincar com algum joguinho ou até pintar com os pequenos durante a viagem.
Bem, fiz esta introdução para contar cada detalhe da nossa viagem de Portugal para a Espanha, mas vale ressaltar que escolher sair de trem de Portugal não é o ideal para os impacientes. A rede ferroviária internacional do país não é das mais sofisticadas. Os trens são mais lentos nos percursos para a Espanha e bem menos confortáveis do que nos outros países, sem vagões com poltronas reclináveis, por exemplo, como no Eurostar (que vai de Paris a Londres), mas ainda assim valem a pena pelas características citadas no primeiro parágrafo.
Saímos de Coimbra, pois seria o ponto de partida mais próximo a Madrid de forma que não ficasse cansativo, já que a partida seria às 23h30 com chegada às 9h da manhã na capital espanhola. Quer dizer, bastava apenas dormir e ao abrir os olhos daria tudo certo. Felizmente foi muito tranquilo como o planejado! Meu filho estava dormindo ao entrar no ‘comboio’ e só acordou às 6h da manhã muito bem humorado com a viagem de “piuí”!
Mas vale destacar, que seria impossível mãe e filho viajarem sozinhos e ainda levar bagagem. Na hora que o trem para é tudo muito rápido e é preciso entrar com as malas rapidamente e encaixá-las nos seus suportes, fora que se você é o último a entrar sobram poucos lugares para colocá-las e os que restam são aqueles nos vãos dos vagões, onde elas ficam mais soltas e podem cair no meio da viagem. Ou seja! Eu entrei linda e formosa com o filho dormindo e mala de mão, sentei no meu assento bem confortável e o marido arrastou 4 malas para dentro sozinho e as encaixou ao lado de nós. Sem qualquer aborrecimento, mas com muito esforço e suor!
A chegada a Madrid bem tranquila na estação Puerta de Atocha (não escolha a Chamartin se quiser passear por Madrid por 1 dia como era nosso objetivo), onde passaríamos o dia inteiro até a hora que pegaríamos o trem final para Barcelona apenas às 20h30.
Quer dizer, tivemos o dia inteirinho para aproveitar a capital espanhola! Deixamos nossas malas guardadas no guarda-volumes (consigna em espanhol), o que era fundamental para passarmos bem o dia, claro! Os lockers são muito espaçosos e contam com diversos tamanhos e capacidades de armazenamento. Conseguimos encaixar as 4 malas em um só!
Antes das 10h da manhã já estávamos liberados e saímos pelas ruas da cidade com carrinho de bebê em mãos, filho animado e uma grande surpresa imponente a 5 minutos dali: o Museu Reina Sofia (8 euros). Acho que fomos os primeiros a entrar, pois chegamos bem na hora da abertura e fomos diretamente ao segundo andar, ver o que tanto queríamos já que tínhamos pouco tempo e seria o primeiro museu mega que visitaríamos com o Theo, não queríamos que ele ficasse agitado num local onde silêncio e paciência são fundamentais. Fiquei em êxtase vendo as obras dos meus três pintores preferidos: Dalí, Miró e, especialmente, Picasso e seu Guernica.
Saímos rapidamente do museu, com aquela sensação de buraco no estômago, já que ali era para passar no mínimo 5 horas. Mas a fome por ver “tudo ao mesmo tempo agora” também era forte e a fome de comida do meu pequeno, maior ainda! E nosso objetivo era fazer programa de turistas e conhecer um pouco de tudo.
Próxima parada: Plaza Mayor (a 18 minutos dali a pé). Todo o percurso foi bem atraente aos nossos olhos. Ruas coloridas, ruelas que pareciam saídas de filmes e muitas lojas com produtos turísticos (chaveiros, xales, dançarinas flamencas e canetas) com valores bem melhores do que os da estação de trem e os da praça que seria nosso destino final.
Lotada de turistas, mas com um espaço incrível cercada de prédios majestosos, a Plaza Mayor foi um convite aos olhos do meu pequeno que deu um salto do carrinho e saiu correndo por ali. Confesso que fiquei com um pouco de medo. Havia muitos vendedores forçando artigos caça níqueis e muitos, mais muitos mesmo personagens infantis mal caracterizados forçando fotos a 10 euros. Por sorte meu filho também deve ter achado aquelas fantasias péssimas, porque não pediu para chegar perto.
Almoçamos num dos restaurantes do entorno da praça, onde havia uma paella espetacular e recebemos a oferta de uma sangria sem álcool que o filho poderia beber. Juro que nunca tomamos algo tão bom na vida. Era feita com suco de uva integral e frutas deliciosas dentro, mas tinha um sabor único e perfeito para dar o clima da cidade. E em frente ao restaurante havia uma sorte de lojas de balas e caramelos incríveis que pareciam saídos da casa da bruxa do João e Maria. Balas a metro, pirulitos e chocolates atraentes. Achei que não conseguiria sair dali nunca mais.
Há 10 minutos dali fomos a nosso último destino oficial: o Palácio Real, que tem mais de 4 mil cômodos e é considerado o maior da Europa, o que em tese cansaria o Theo. Mas meu filho, como provavelmente muitos dos seus, é apaixonado por histórias de reis e cavaleiros. Então transformamos o passeio em uma divertida história interativa sobre um monstro que queria invadir o palácio, mas era impedido por nossos feitiços a cada novo cômodo que conhecíamos.
E na saída do palácio havia uma pracinha divertida com parquinho onde pudemos brincar por 20 minutos. Já eram 16h e precisávamos fazer todo caminho de volta em no máximo 2 horas e meio incluindo parada para uma sopa.
Nesse meio tempo curtimos as ruas da cidade, a arquitetura do local e o clima meio mágico que o Madrid tem: muita animação, pessoas falando alto e canções tocando a cada esquina.
O que faltou: o passeio ao El Retiro Park, com belíssimos jardins onde as crianças sem
dúvida vão adorar a sensação de liberdade e contato com a natureza. Para os pequenos fãs de futebol, o Santiago Bernabéu, estádio do Real Madrid, onde fica o museu com troféus do famoso time e ainda o Planetário da cidade.
Não posso dizer que conheço bem Madrid, mas em apenas 1 dia tivemos uma boa dose de interação para querermos retornar e também deu para notar que a próxima cidade que visitaríamos por quase 1 semana, em nada se pareceria com a capital do país. Barcelona também seria única, mas com um clima muito diferente (postarei na próxima semana).
Para finalizar, vale contar que pegamos o trem bala de Madri para Barcelona, o que levou apenas 2 horas e meia de viagem e foi muito divertida. Dava para sentir a super velocidade que aparecia num painel a nossa frente a todo instante e até o filho ficava de olho como se estivéssemos em uma montanha russa. Na verdade é curioso nos primeiros 10 minutos, depois você acostuma.