Aventuras Maternas

Posturas lúdicas para crianças no Yoga

Larissa, hoje com 10 anos, pratica yoga desde os 7 anos.

Larissa, hoje com 10 anos, pratica yoga desde os 7 anos.

Hoje é o Dia Internacional do Yoga, 21 de junho, e sua prática tem crescido cada vez mais entre as pessoas. E não é para menos. Conhecida por trabalhar o corpo e a mente, o yoga tem se popularizado entre as pessoas que buscam paz espiritual e corpo bem torneado, por meio de exercícios e meditação. Mas que a prática da yoga é benéfica para os adultos, não há dúvida. Mas será que as crianças estão prontas para praticá-la?

Cecília Melo Rodrigues é professora de yoga para crianças, e diz que, sim, a partir dos 4 anos, as crianças já estão aptas a praticar o yoga, preferencialmente duas vezes por semana – “mas se só puder uma, vale a pena. Os pequenos fazem muitas coisas atualmente, não é legal exagerar”.

Uma das questões que mais incentivam os pais a procurarem o yoga para os pequenos é em relação a ansiedade – sim, eles, assim como os adultos, também sofrem desse mal. Cecília explica que a ansiedade faz parte da vida humana e é importante em diversas situações. Entretanto, é importante entender como lidar com ela de uma maneira saudável. “O yoga trata sim, mas não é imediato. A respiração, a meditação, o relaxamento e algumas posturas ativam o sistema parassimpático que ajuda a desacelerar, que acalma. É químico. Mas o trabalho é cotidiano para que o efeito seja mais claro e a ansiedade minimizada”, conta.

A professora de yoga Tatiana Landa diz que os resultados nas crianças dependem das características de cada um. “Para colocar a criança sentada para meditar, é preciso um mundo muito lúdico ao seu redor para que ela tenha interesse e encontre uma razão para estar parada ali, de olhos fechados. Se essa concentração para um adulto já é difícil, imagine para uma criança”, diz. Ela lembra, ainda, que algumas posturas do yoga são parecidas com os movimentos dos animais, e esse universo pode atrair os pequenos e incentiva-los a prática. “Em muitas posturas, imitamos os animais, como o cachorro olhando para baixo ou se espreguiçando. Tem, ainda, o gato arrepiado. O yoga é, por si só, lúdico. E aí as crianças acabam se identificando e gostando da ideia”, complementa.

A instrutora de Hatha Yoga, a bióloga Flávia Maria Campos , é mãe de Larissa, de 10 anos, que faz yoga desde o 7. Flávia conta que a filha começou a praticar porque ela não tinha com que deixá-la. E como estava sempre acompanhando a mãe, começou a observar e se interessar com o passar do tempo, até que pediu para  participar da aula. “Como a turma era bem pequena, apenas com três alunos, a professora permitiu sua participação, mesmo sendo uma turma de adulto. Atualmente, sou instrutora de yoga, então ela faz a prática comigo em casa”, conta Flávia. Ela explica que percebeu inúmeros benefícios em Larissa, como melhora da concentração, da autoconfiança, da organização os pensamentos, na facilidade em lidar melhor com as emoções e com a disciplina. Cecília reforça a opinião de Flávia, contando que os benefícios para os pequenos são muitos, como ajudar a descobrir o corpo, movimentando-o de uma maneira presente e consciente; promover a concentração e disciplina, desafiando os medos e despertando a criança para a importância da respiração. “O yoga também aborda temas positivos como amor, não-violência, gentileza, perseverança, respeito etc”, completa.

Outra praticante que acabou unindo yoga e maternidade foi Mari Cordeiro, do canal no Youtube Mamm Yoga. Por lá, ela mostra como uma tradição de mais de cinco mil anos de idade pode vestir uma roupagem moderna e se tornar o alicerce da educação de uma criança contemporânea. Ela chama a atenção para um fato bastante comum: muitas mães procuram o yoga durante a gestação e, depois que o bebê nasce, abandonam as aulas. Porém, lembra ela, existem muitas formas de incluir os bebês e as crianças nessa prática. “Além disso, o yoga nos ajuda tanto no processo de recuperação pós-parto, quanto no processo emocional da chegada do bebê”, diz. Ela fala, ainda, que os pequenos praticam yoga intuitivamente e que muitas posturas são inspiradas nos hábitos das crianças, como o “balasana”, que significa literalmente postura da criança. “Eles são mestres em desvendar o próprio potencial”, comenta.

Sobre os exercícios, propriamente, os mesmos praticados por adultos são feitos com as crianças, mas com as devidas adaptações e restrições, e muita improvisação, explorando os sons, os cheiros, o tato. E sempre o relaxamento, a respiração e uma pausa para meditar. Mas, afinal, as crianças acabam gostando ou simplesmente se acostumando ao yoga? Cecília diz que suas aulas são sempre dinâmicas, mas há os momentos mais calmos. “Nessas horas, elas ficam um pouco inquietas, mas a gente contorna, improvisa, inventa, conta no relógio e comemora a quietude, quando ela rola. Faz parte da natureza infantil essa agitação. Nada melhor do que yoga para fazer essa ponte entre esses extremos. O yoga lida com extremos”.

Optar pela yoga como esporte – embora, na realidade, seja uma tradição milenar, que, entre outros ensinamentos, trabalha o corpo – para as crianças ainda não é uma prática comum entre os pais. A maioria escolhe colocar no ballet ou judô, por exemplo, e vê o yoga como uma segunda opção, algo complementar. Porém, para quem já conhece, a ordem acaba se invertendo, como na família de Flávia. Larissa faz capoeira e futebol na escola, e natação como esporte extra escolar, mas o yoga tem lugar de destaque. “Larissa gosta muito. Gosta de ensinar aos amiguinhos mais próximos algumas técnicas de respiração e asanas (posturas). Até mesmo nos momentos estressantes do dia a dia, ela mesma me lembra quando percebe minha ansiedade em alguma situação e fala: “Mamãe, respira … vai dar tudo certo”. Mas ainda são poucas as crianças que praticam, sim”, finaliza Flavia. Porém, felizmente, essa realidade está mudando. Afinal, o yoga é bom para o corpo e para a alma, e é para todos, sem distinção.

 

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Priscila Correia

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