A maternidade é um dos momentos mais felizes na vida da mulher. No entanto, também pode ser um dos mais preocupantes. Conciliar a maternidade com o trabalho continua sendo um desafio para as mulheres, que ainda enfrentam preconceito e incompreensão no ambiente corporativo.
A discriminação contra as mães é um problema muito além de alguns “chefes ruins”. Além de não terem seus direitos respeitados, empresas insistem na mentalidade de que a profissional não será tão produtiva comparada a alguém sem filhos, o que não reflete a realidade. Segundo estudos da Royal Holloway, durante a gestação, as mães sofrem um aumento das atividades do lado direito do cérebro, o que significa melhora em suas habilidades cognitivas como criatividade, controle de emoções e relacionamento interpessoal. Ainda assim, as candidatas que são mães possuem as chances de contratação reduzidas em 37%, segundo estudo publicado na American Journal of Sociology.
Quando o assunto é retorno ao trabalho, o desafio costuma ser ainda maior, em que cerca de 22% das mães não conseguem voltar ao trabalho. “Enquanto os pais quase nunca se afastam do trabalho e retomam a carreira em menos de seis meses, o retorno profissional das mulheres é distribuído ao longo dos anos, com uma média de três anos para que isso aconteça”, esclarece Astrid Vieira, empresária, diretora e consultora de carreiras, da empresa mineira Leaders-HR Consultantes.
O preconceito contra as mães também é uma das formas de discriminação contra a mulher. De acordo com a advogada trabalhista, pesquisadora, professora universitária, e escritora Maria Inês Vasconcelos, ainda que não seja uma classe trabalhadora reconhecida, marginalizar uma mulher por conta da gravidez é uma forma de distinção de gênero, e o preconceito assumido por causa das necessidades maternais que elas têm que suprir é uma forma de discriminação. Por isso, três em cada sete mulheres sentem medo de perder seu emprego, e 56% enxergam dificuldades no sucesso profissional se tiverem filhos.
Já após o nascimento dos filhos, as mulheres deixam o mercado de trabalho cinco vezes mais do que os homens, de acordo com uma pesquisa realizada pela Catho. Diante desse cenário, muitas mulheres acabam desistindo de trabalhar antes mesmo da licença-maternidade. Maria Inês explica que mesmo sendo uma das garantias mais básicas para a integridade da criança, a lei ainda é tímida no país: “A obrigatoriedade é conceder 120 dias apenas, enquanto em outros países, a licença-maternidade dura um ano. A legislação trabalhista ainda tem muito a evoluir no Brasil”.
O exemplar seria que as empresas investissem em políticas e benefícios para suas funcionárias, como adotar creches no ambiente corporativo ou parcerias com instituições privadas, áreas para amamentação ou bombeamento do leite, planos de saúde que possibilite a inclusão de dependente, horários flexíveis e incentivos para que os homens também desempenhem um papel mais ativo na educação dos filhos, como a licença-paternidade.
As mulheres que possuem assistência e garantia dos seus direitos, cometem menos erros e não faltam frequentemente, o que melhora a produtividade. “As mães ficam consequentemente mais calmas e concentradas sabendo que seus filhos estão seguros. Além de serem mais propensas a permanecer em empresas que oferecem esses tipos de benefícios”, ressalta Astrid. Ao manter essas profissionais na equipe, as empresas diminuem a rotatividade, o que influencia na produção e nos custos finais.
Informações: Assessoria de Imprensa