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Estudo alerta sobre gravidade da Covid na gestação

O estudo Efeitos da pandemia COVID-19 nos resultados maternos e perinatais: uma revisão sistemática e meta-análise (Effects of the COVID-19 pandemic on maternal and perinatal outcomes: a systematic review and meta-analysis), publicado nesta quarta-feira, 31 de março, no periódico científico The Lancet Global Health, faz um alerta a toda a comunidade médica, científica e à população, especialmente no Brasil, que na mesma data registrava 3.869 mortes por Covid.

Com mais de 320 mil mortes desde o início da pandemia, e registrando recordes de casos e de mortes dia após dia, pouco se fala sobre a gravidade da doença durante a gestação, ou de possíveis repercussões que a contaminação da gestante possa trazer ao feto.

No entanto, o estudo faz um importante alerta ao revelar que mais mulheres grávidas morreram, tiveram complicações ou deram à luz bebês natimortos durante a pandemia do que em anos anteriores. A conclusão foi obtida a partir da análise de 40 estudos realizados em 17 países Além do Brasil, participaram estudos realizados nos Estados Unidos, Canadá, Itália, Turquia, Holanda, Reino Unido, Índia, China, Israel, Dinamarca, Hong Kong, Botsuana, Japão, Nepal, México e Irlanda.

“O estudo evidencia a carência de informação direcionada especificamente às mulheres em idade fértil e às gestantes, sobre os riscos, os cuidados e as repercussões de uma possível infecção pelo coronavírus na gestação”, alerta Thomaz Gollop, professor colaborador de ginecologia da Faculdade de Medicina de Jundiaí.

Mais do que confirmar um possível risco elevado de doença grave e morte no caso de infecção das gestantes com o coronavírus, pesquisadores da Turquia e Reino Unido buscaram avaliar os efeitos colaterais da pandemia na gravidez e no parto.

Na revisão dos dados de mais de seis milhões de gestações, os pesquisadores encontraram evidências de que interrupções no atendimento e o medo das pacientes de se infectarem em clínicas e serviços de saúde podem ter aumentado o número de mortes evitáveis ​​de mães e fetos, especialmente em países de baixa renda.

“Alertar as gestantes sobre a importância de realizar os exames pré-natais, mesmo durante a pandemia, seguir as orientações médicas e procurar atendimento em caso de dúvidas ou de qualquer intercorrência poderia ter evitado o aumento destes números, que já são muito altos no Brasil”, aponta o especialista.

Os números de óbito fetal por exemplo, aumentaram 28%, enquanto o risco de mulheres morrerem durante a gravidez ou o parto subiu mais de um terço em países como México ou Índia.

No campo da saúde mental, estudos mostraram que a depressão e a ansiedade pós-parto também aumentaram durante a pandemia.

Para os pesquisadores, o aumento de resultados adversos pode estar relacionado, principalmente, com a ineficiência dos sistemas de saúde e sua incapacidade de lidar com a pandemia, agravando ainda mais o enfrentamento da situação.

O estudo

Foram reunidos estudos de caso-controle, estudos de coorte e relatórios em uma revisão sistemática e meta-análise de estudos sobre os efeitos da pandemia em resultados maternos, fetais e neonatais, de 1 de janeiro de 2020 a 8 de janeiro de 2021.

Os pesquisadores compararam os números de mortalidade materna e perinatal, morbidade materna, complicações na gravidez e intraparto e resultados neonatais registrados antes e durante a pandemia da Covid-19.

Os resultados maternos e fetais globais pioraram durante a pandemia, com um aumento nas mortes maternas, óbitos fetais, casos de gravidez ectópica e depressão materna.

“O aumento dos casos de gravidez ectópica possivelmente está relacionado ao processo inflamatório provocado pelo coronavírus, dificultando a passagem do óvulo fecundado, que acaba por se desenvolver fora do útero. Se não diagnosticado, com a evolução da gestação, pode ocorrer o rompimento da trompa e uma grave hemorragia”, alerta Gollop.

O especialista concorda com a observação feita pelos pesquisadores ao final do estudo: é necessário, com urgência, priorizar a atenção a mulheres em idade reprodutiva e à gestante durante a pandemia. 

Informações: Assessoria de Imprensa.

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Priscila Correia

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