A gestação é um momento muito especial na vida da mulher, e traz mudanças que vão muito além da parte afetiva, sendo importante redobrar os cuidados em relação à saúde da futura mamãe. Nesta fase, os hormônios femininos estão em ebulição e têm um papel fundamental para o crescimento e manutenção da gestação (progesterona, estrogênio, hormônio lactogênio placentário – hPL e a gonadotrofina coriônica humana-hCG), que causam alterações no sistema circulatório, principalmente na parte venosa.
Esses vasos sanguíneos se tornam mais maleáveis e volumosos, levando a sintomas como sensação de peso, cansaço e queimação, mas principalmente inchaço e surgimento (ou piora) de varizes, que tendem a se intensificar a partir do sexto mês, com o crescimento do bebê, quando o útero comprime as veias pélvicas dificultando o retorno do sangue venoso ao coração.
Conforme a angiologista, cirurgiã vascular e membro da Comissão de Flebologia Estética da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular – Regional São Paulo (SBACV-SP), Dra. Lidiane Aparecida Rocha Brand de Vasconcellos, em situações mais complicadas, a gestante pode desenvolver a Trombose Venosa Profunda (TVP), apesar da incidência ser maior em pacientes tabagistas ou com alteração da coagulação sanguínea (trombofilia), isso deve ser investigado antes, ou logo no início da gestação, por meio de histórico familiar de TVP e abortos de repetição.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), mais 45% dos casos de varizes na população correspondem às mulheres por várias causas, entre elas: genética, obesidade, idade e o número de gestações, que aumentam o risco para essa doença.
Durante e após a gestação, as varizes dos membros inferiores têm características muito particulares, tais como o seu aparecimento, precocidade e intensidade, e no puerpério (período até 40 dias pós-parto), a rapidez com que podem regredir. Esses aspectos têm influenciado vários estudos que se dedicam a entender a incidência de varizes durante a gestação e os fatores que a influenciam. A prevalência é alta, atingindo cerca de 70%, quando se consideram todos os tipos de varizes, segundo publicação no Jornal Vascular Brasileiro (JVB) link.
Além do ginecologista e obstetra, a mulher grávida deve realizar acompanhamento também com um angiologista ou cirurgião vascular, com o objetivo de tirar dúvidas, amenizar o desconforto e prevenir eventuais complicações decorrentes das alterações circulatórias.
“O especialista vascular será capaz de indicar um tratamento seguro, como indicar e orientar o uso correto de meias elásticas e medicações que melhorem a parede dos vasos (flebotônicos), no intuito de controlar a dilatação das veias de membros inferiores, já que alguns medicamentos e procedimentos cirúrgicos podem ser arriscados tanto para a mãe quanto para a criança. Os tratamentos mais definitivos para os vasinhos e varizes devem esperar o término da gestação, quando o organismo retorna ao seu estado hormonal pré-gravídico”, orienta a Dra. Lidiane.
As atividades físicas são extremamente benéficas para a saúde vascular de todos, em qualquer fase da vida, e não seria diferente na gestação. Os exercícios de intensidade leve e moderada, com baixo impacto, são muito eficientes para a melhora da circulação, devendo ser realizados ao menos três vezes na semana, entretanto, exercícios com maior intensidade não são proibidos nessa fase, desde que autorizados pelo ginecologista/obstetra. “Taquicardia e falta de ar persistentes que não melhoram com a parada da prática, tonturas, dor no peito, contrações frequentes e dolorosas, sangramento vaginal, indicam a suspensão imediata de toda e qualquer atividade física e consulta com o ginecologista. Outras situações também podem interferir negativamente na qualidade de vida da gestante, como sedentarismo e até mesmo alguns transtornos psicológicos”, alerta a médica.
Tomar certas medidas pode prevenir ou minimizar os problemas vasculares durante a gestação, como:
- Dormir do lado esquerdo para descomprimir a veia cava e melhorar a chegada de oxigênio ao bebê;
- Praticar exercícios diários com intensidade sempre orientada por seu médico;
- Fazer movimentos de dorsiflexão (exercício com os pés para cima e para baixo), sempre que permanecer sentada por muito tempo;
- Usar sapatos confortáveis, evitando os extremos de altura;
- Elevar as pernas sempre que possível;
- Controlar o ganho de peso, lembre-se, não precisa comer por dois;
- Usar meias de compressão elástica prescritas por seu angiologista e cirurgião vascular;
- Tomar bastante líquido, de preferência água e sucos naturais;
- Ter uma alimentação rica em fibras e redução dos carboidratos para evitar a constipação;
- Aproveitar cada segundo desse momento mágico que é a gravidez.
“Durante a gravidez, as pacientes com histórico de varizes e de trombose venosa devem ter um cuidado redobrado, uma vez que são três situações de fatores de risco para a ocorrência de novo caso de trombose, que ocorre, sobretudo, no período puerperal. Por isso, o acompanhamento com o médico vascular, o uso da meia elástica, a hidratação adequada, a prática de exercício físico e a deambulação precoce, após o nascimento do bebê, são fundamentais”, alerta o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular da Regional São Paulo, Dr. Fabio H. Rossi.
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Informações: Assessoria de Imprensa.