A principal mobilização internacional para incentivar a população a parar de fumar, o Dia Mundial Sem Tabaco, celebrado em 31 de maio, em 2023 tem como tema “Precisamos de comida, não de tabaco”. O alerta é para questões ambientais, sociais e econômicas associadas ao cultivo do tabaco e, claro, para os prejuízos causados à saúde. O tabagismo é responsável pela maioria dos casos de câncer de pulmão diagnosticados anualmente e é fator de risco para várias outras formas da doença. Fumantes passivos também são impactados e, nesse grupo, podemos incluir bebês e crianças – estes que não têm escolha de mudar de ambiente. Ou seja, familiares devem proporcionar espaços livres dos riscos que o cigarro pode trazer aos pequenos.
Os cuidados começam já na gestação. Quando se descobrem grávidas, as mães devem suspender o uso de cigarros o quanto antes, para evitar riscos tanto para elas mesmas quanto para o feto. Os componentes tóxicos do cigarro podem prejudicar a chegada de oxigênio e nutrientes ao bebê. Na amamentação, o contato com a fumaça do cigarro – mesmo que passivamente ou de forma involuntária – pode transferir substâncias cancerígenas para o bebê por meio do leite materno. Estudos mostram ainda uma relação entre a exposição ao cigarro e o desenvolvimento de transtornos cognitivos e comportamentais em crianças.
“É fundamental proteger as crianças do tabagismo passivo, evitando a exposição à fumaça do cigarro em ambientes fechados e em veículos. Os pais e cuidadores devem criar um ambiente livre de fumaça e incentivar familiares e amigos a fumar longe das crianças. A adoção de medidas para cessação do tabagismo por parte dos fumantes também é altamente recomendada para proteger a saúde das crianças”, afirma a pneumologista Milena Tenório Cerezoli, especialista em doenças intersticiais pulmonares e parte do corpo clínico do Hospital e Maternidade Sepaco, em São Paulo.
Os prejuízos para a saúde dos pequenos são muitos, desde condições potencialmente fatais, como a Síndrome da Morte Súbita Infantil, a complicações respiratórias. Mães expostas ao cigarro podem produzir menos leite materno, os bebês têm maior risco de infecções como resfriados, bronquiolite, pneumonia e otite média, além de irritação das vias aéreas com tosses e dificuldade respiratória. Nos primeiros anos de vida, o contato prolongado e frequente com a fumaça do cigarro pode impactar atraso do desenvolvimento pulmonar, riscos cardiovasculares, dificuldade de aprendizagem e maior risco de câncer.
Para mães, cuidadores e familiares que precisam de ajuda para parar de fumar, há iniciativas como Programas de Cessação de Tabagismo oferecidos por diversas instituições públicas e privadas. “Nessas iniciativas, é possível receber aconselhamento individual ou em grupo, terapia de reposição de nicotina, medicamentos e ser acompanhado por especialistas. Em consulta a médicos, como pneumologistas, também é oferecido suporte. Além disso, websites e aplicativo e grupos de apoio presenciais são acessíveis”, explica Milena.
Confira os principais riscos do tabagismo em cada fase da maternidade:
– Na gravidez e no parto: maior probabilidade de complicações durante a gestação, como descolamento prematuro da placenta, placenta prévia, aborto espontâneo, parto prematuro e ruptura prematura das membranas; risco de hemorragias pós-parto.
– No desenvolvimento do feto: baixo peso ao nascer e crescimento fetal restrito; malformações congênitas, como lábio leporino, fenda palatina, problemas cardíacos e defeitos do tubo neural; maior probabilidade de desenvolver problemas respiratórios, como asma, bronquite e infecções respiratórias frequentes; maior risco de Síndrome da Morte Súbita Infantil; maior probabilidade de desenvolver problemas de aprendizagem, déficit de atenção e hiperatividade e dificuldades comportamentais.
– Na amamentação: redução na produção de leite materno; maior risco de infecções e de dificuldades respiratórias em bebês; risco de Síndrome da Morte Súbita Infantil; maior risco de problemas de desenvolvimento cognitivo, como dificuldades de aprendizagem, déficit de atenção e hiperatividade, e dificuldades comportamentais na criança.
– No crescimento, em ambientes com exposição à fumaça de cigarro: maior probabilidade de desenvolver problemas respiratórios, como asma, bronquite, infecções respiratórias frequentes, tosse persistente e chiado no peito; impactos no sistema respiratório e cardiovascular da criança; prejuízo no desenvolvimento dos pulmões, levando a problemas respiratórios crônicos e redução da capacidade pulmonar ao longo da vida; risco de desenvolver problemas cardíacos, como doença cardíaca, pressão arterial elevada e aterosclerose no futuro; maior probabilidade de apresentar problemas de aprendizagem, dificuldades cognitivas, déficit de atenção e hiperatividade e baixo desempenho acadêmico; risco de câncer infantil, como leucemia e tumores cerebrais.
Informações: Assessoria de Imprensa.